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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

CENAS DE UM CASAMENTO


CENAS DE UM CASAMENTO
Julia nº256 / Edição de Colecionador nº24
Copyright: Robyn Donald
Título Original: “Return to Yesterday”
                           Publicado originalmente em 1984 

Ela quis gritar e não pôde, quis bater nele e sentiu o corpo todo paralisado de dor... Craig, seu marido, estava na cama com outra mulher! Sufocou a angústia e saiu devagar, até que o desespero a fez correr. A cena havia acontecido há seis anos e, desde então, ela vivia sozinha na Austrália, se refazendo, construindo uma Catlin mais segura e feliz. Precisava apenas buscar o dinheiro que deixara na Nova Zelândia
porque Craig, voluntarioso como sempre, exigia que ela fosse pessoalmente. Que exigisse! Levaria um susto ao reencontrá-la; ela é que ria exigir o divórcio. Sabia que o encontro forçado ocultava uma armadilha, mas sentia-se preparada para correr riscos. Até que o marido a apertou nos braços e impôs: "Você ainda é minha mulher, portanto..."

TRECHO
Catlin abriu a porta da frente assobiando, como sempre fazia quando estava contente.
- É você, Catlin? Venha tomar café. Acabei de coar - Deb falou da cozinha.
As duas dividiam um apartamento e se davam muito bem. Eram da mesma idade, quase da mesma altura, mas Catlin era loira, com cabelos puxando para o dourado, enquanto Deb era morena, com cabelos pretos.
- Chegou uma cartada Nova Zelândia para você - Deb avisou, assim que a amiga entrou na cozinha.
Catlin jogou a bolsa sobre uma cadeira, sentou na outra, e por um instante ficou olhando para o envelope, com listras vermelhas e azuis, cores da bandeira da Nova Zelândia. Seu olhar era apreensivo, a boca estava crispada formando uma linha fina. Finalmente, com dedos trêmulos, ela rasgou o envelope e pegou as folhas para ler.
Deb levantou para pegar o café e as xícaras. Quando sentou novamente, serviu a bebida e ficou esperando que Catlin terminasse de ler. Ao ver a expressão aborrecida da amiga, não se conteve mais:
- Más notícias?
- Mais ou menos. Craig não vai liberar o dinheiro, a não ser que eu vá até a Nova Zelândia para encontrá-lo.
- Craig? Seu advogado não se chama Stretton?
- Não confunda as coisas, Deb. Craig é meu marido.
- Marido? - Deb abriu a boca, espantada. - Nunca me disse que era casada! Conheço você desde que chegou na Austrália, quando tinha só dezoito anos, lembra-se? Fazia três semanas que estava morando aqui. Como pode ter se casado sem que eu soubesse?
Catlin riu com vontade. 
- Claro que lembro de tudo. Acontece que casei com Craig quando tinha dezessete anos, antes de você me conhecer.
Deb arregalou os olhos, achando tudo aquilo incrível e mediu de alto a baixo a amiga, tão jovem, alta e elegante, muito bem vestida. 
- Casada... com dezessete anos! Não consigo acreditar, Catlin! Vai me contar tudo ou prefere esquecer?
- Vou lhe contar todos os detalhes. Nunca toquei nesse assunto antes, porque no começo me machucava muito. Depois, achei que não importava mais.
- Como não importava! Você era quase uma criança! É um fato que pode marcar uma vida! 
- Tem razão, Deb. Marcou mesmo. Logo que vim para a Austrália, tudo que fazia era para provar a mim mesma que Craig estava errado a meu respeito. Não pretendia vê-lo de novo, mas tinha que provar isso. Ele me achava ignorante, por isso, consegui me formar na faculdade. Me acusava de ser ingênua e boba, por isso me tornei sofisticada, aprendendo a me vestir bem, a ser elegante... Dizia que eu não era culta, por isso, passei a freqüentar teatros, cinemas e a ler o que pudesse... Bem, tentei ser tudo aquilo que Craig pensava que eu não era. 
- Agora posso compreender uma porção de coisas, Catlin. Por exemplo, porque nunca se envolve com ninguém. Você sempre paquera, às vezes namora, mas não quer nada mais sério. 
- Pois é, Deb. Não quero cair em outra armadilha. Prometi a mim mesma que nenhum homem me fará sofrer de novo. 
- Por que casou com Craig?
- É uma longa história. Meu pai tinha uma fazenda em Mount Fay, na Ilha do Sul, na Nova Zelândia. Nós morávamos lá sozinhos, pois mamãe morreu quando eu ainda era bebê. Eu nunca saía da fazenda, a não ser para ir ao dentista ou à cidade com meu pai. Nunca fui à escola e fiz meus estudos por correspondência, ajudada por papai. Tínhamos uma governanta, mas quando eu estava com doze anos, ela se aposentou e eu me encarreguei da casa. Era muito feliz, amava meu pai, portanto... não fazia questão de mais nada.

- Devia ser muito inocente...
- Nem pode avaliar quanto!
- E aí, como conheceu seu marido?
- Logo depois que fiz dezessete anos, papai teve um enfarte. Felizmente não foi muito sério e ele se recuperou logo. Mas achou que não daria mais conta do serviço da fazenda e resolveu vendê-la. Craig Loring ficou interessado e apareceu em casa para saber as condições.
- Ele comprou?
- Sim.
- Nossa, devia ser muito rico! Quantos anos ele tem? Não vá me dizer que é velho?
- Naquela ocasião, ele devia ter vinte e seis anos e estava viúvo há pouco tempo, com uma filha de dois anos para criar. Acho que Craig ainda não tinha se recuperado da morte da mulher. Quanto ao dinheiro, os Loring sempre foram uma família muito rica. Controlavam vários negócios, não só fazendas, como gado, exportação e outras coisas. Craig já nasceu rico e Mount Fay seria só mais uma de suas propriedades.
Deb não perdia uma palavra da amiga. Bebericava seu café, mas não desviava o olhar do rosto expressivo de Catlin.
- E por que Craig casou com você?
- Sei lá! Acho que nem ele sabe. Talvez ainda estivesse muito chocado com a morte da mulher. Ela ficou doente durante seis meses e eles devem ter sofrido muito, nesse tempo. Já cheguei a imaginar que Craig casou comigo porque não sabia que outra atitude tomar. Logo depois que papai vendeu a fazenda, teve outro enfarte, dessa vez, fatal. E não sei por que tinha feito um testamento, deixando Craig como meu tutor.
- Seu pai gostava tanto assim dele?
- Craig é o tipo de pessoa em quem os homens confiam à primeira vista. Papai achava que ele era um cara excelente, Então deixou-o como meu tutor, responsável por uma grande quantia que eu só deveria receber quando fizesse vinte e cinco anos. Acho que, por causa disso tudo, Craig pensou que não tinha alternativa a não ser casar comigo!
- Ele não estaria interessado no seu dinheiro?
- Não acredito nisso. Craig já tem dinheiro de sobra e não é mau-caráter.
- Que tal ele é.
- O príncipe encantado de qualquer adolescente! - Catlin riu ao ver o espanto da amiga. 
- Estou dizendo a verdade! É bem alto, com mais de um metro e oitenta, forte, queimado de sol... muito sexy. Tem o cabelo castanho e um sorriso de artista de cinema!
- Nossa! Nem dá para imaginar. Por favor... conte mais.
- Embora eu o odeie, reconheço que é o homem mais sensual que já vi na vida! Tem os olhos muito azuis, que às vezes são frios como aço, outras... suaves como veludo! É muito bonito, mas acima de tudo é charmoso e sensual! As mulheres perdem a cabeça por ele!
- Meu Deus! E você... tão ingênua e simples! Não teve muita chance, não é
- Nenhuma! Nosso casamento foi feito junto da cama de papai, pouco antes de sua morte. Depois Craig me levou para Auckland, onde a família vivia, numa casa enorme. O estranho é que meu marido nunca tentou fazer amor comigo...
- Você teve que morar com a família toda?
- Exatamente. Com a mãe, as irmãs, os amigos que não saíam de lá. Craig dizia que eu devia me sentir em casa, mas nunca me tratou realmente como esposa. Acho que a essa altura nós dois sabíamos que tínhamos cometido um engano terrível. Eu percebia que ele não me amava... mas foi a mãe dele, Emily, quem me disse claramente que Craig não estava interessado em ir para a cama comigo.


14 comentários:

  1. Eu gostei do livro, a traição não chegou a ser bem uma traição, pois embora eles fossem casados, não tinham nada. A mocinha depois q volta, esta mais amadurecida e decidida.
    Rafaela Matias

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  2. Realmente é uma das histórias mais atraentes que li, vc fica preso a ela do começo ao fim maravilhosa nota 10.

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  3. ACHO UMA HISTORIA FEIA E DE TRAICAO SIM,ELA ESTAVA LA ,ESPERANDO O MARIDO NOTA-LA COMO MULHER...E DEPOIS ELA PEGA ELE EMCIMA DE OUTRA MULHER,DEPOIS ELE AINDA LEVA ELA AO MESMO LOCAL E AMESMA CAMA QUE DORMIA COM A OUTRA ....FALA SERIO!!!!!!!!!!!!!!!! MARI

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  4. Achei que a mocinha esqueceu seus objetivos muito rápido..... Passou por cima de muita coisa..... Mas no geral gostei

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Ela era menor. Ele casa pq está "apaixonado". Ele trai ela. Ele bate nela. Ele estupra ela. Ele diz que ela gostou. Ela se convence disso. Ela songamonga volta depois de alguns anos. Nesses anos ele continua mulherengo e se envolve até com a amante do amigo (mulher de amigo meu para mim é homem não vale para esse escroto)
    Livro odioso.

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  8. Adoro este livro e um dos meus prediletos.

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  9. O livro é bem interessante, leva você a ter interesse em ler até o final, mas os personagens tem atitudes inadmissíveis : o cara casa com uma adolescente( de um mundo diferente do dele) e que era apaixonando por ele, mas a negligência num mundo diferente do que ela estava acostumada, até a mãe dele a trata mal, e ainda tem as amantes, que ela flaga na cama com ele e muito mais grave, o estupro; mas na frente ainda tenta colocar como se ela fosse a culpada. O ponto positivo dela é que ela cresceu, estudou, evoluiu, Mas perduou rapidamente e ainda achou que também tinha culpa, sendo que ela era a vítima.

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  10. Esse é provavelmente o pior livro que já li, cheio de absurdo, romantizando a violência. Quem gostar de um mocinho assim deveria fazer uma sessão de terapia. O final perfeito seria ele preso, e ela longe dele e feliz.

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  11. Horror e pouco como pode ela perdoar a traição do marido

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