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terça-feira, 9 de outubro de 2012

REVIVENDO O PASSADO

Revivendo o passadodePatrícia WilsonRevivendo o passado
The Final Price
Patrícia Wilson
Coleção Bianca, nº 382
Série
Romances Nova Cultural, 1986
Com uma emoção estranha brilhando no olhar, Olívia observava o horizonte, procurando ansiosa pela ilha de lOyaros. Estava voltando para casa... Depois de três anos, o ex-marido conseguira o temido reencontro. A seu lado, debruçado sobre a amurada do barco, Andreas fechava-se num silêncio ameaçador, que a enchia de apreensão. E se tudo aquilo não passasse de uma armadilha? E se ele nunca mais lhe permitisse sair da ilha, impedindo-a de retornar para Nick, aquele doce garotinho de cuja existência Andreas jamais tivera conhecimento?

CAPITULO I

Os olhos muito verdes de Olívia acompanhavam o vaivém do pêndulo do velho carrilhão que decorava o escritório. Cinco e dez. As colegas já haviam saído, e as máquinas repousavam em silêncio, sob suas capas de plástico.
Como se também acompanhasse o olhar dela, Peter Challoner, seu noivo, caminhava nervosamente de um lado para outro. Tirava os óculos, enxugava o suor imaginário do rosto e tornava a pô-los, numa sucessão infinita.
― Não e não! Você não vai para a Grécia e ponto final. Eu não vou permitir, está ouvindo?
O rosto normalmente calmo de Peter estava contraído pela raiva, e ele parecia cuspir aquelas palavras. Seus olhos faisca¬vam, mas Olívia o encarou serena, mantendo sua expressão determinada. 
― Por que está tão preocupado? Porque vou passar algum tempo fora ou porque me reencontrarei com meu ex-marido? Relaxe... estamos noivos, lembra-se?
― Essa sua calma me irrita! Não entende o risco emocional que essa viagem significa? Você perdeu o juízo!
Ela desviou os olhos das árvores da praça e examinou seu reflexo no vidro da janela. Herdara a beleza da mãe grega, mas os genes do pai inglês só acentuaram seus traços. Como resultado, seu rosto, que seria apenas bonito, ganhara personalidade. Os cabelos loiros estavam cheios de reflexos dourados do tímido sol londrino.
Não, Peter se enganava. Não tinha enlouquecido, apenas sen¬tia medo e em seu rosto aparentemente sereno havia uma sombra de tristeza à qual se acrescentava naquele momento, uma imensa ansiedade. Sabia muito bem do perigo a que estaria se expondo, voltando à Grécia depois de tão longa ausência. Procurou con¬solar o noivo, para acalmar a si mesma:
― Meu avô precisa de mim, ele me chamou. Mesmo se não 
tivesse me pedido para voltar, eu teria que ir, agora que sei cama ele está doente. Retornarei assim que puder, e espero que seja a quanto antes. Senão, vou morrer de saudades.
Aborrecer Peter era a última cais a que desejava, pois ele re¬presentava sua única chance de ter um futuro feliz. Mas jamais se perdoaria se não cumprisse com o que considerava sua obri¬gação. O difícil era satisfazer a gregos e britânicos.
― Tente compreender meu amor. Eu nunca briguei com vovô. Ele sempre foi muito carinhoso. comigo e durante uma fase difícil de minha vida, era tudo a que eu tinha no mundo. Imagine, uma garota de catorze anos, sem pai nem mãe...
Enquanto falava, entretanto era o rosto de Andreas que ocupava sua mente em uma seqüência de lembranças vivas. Sua silhueta, recortada contra a paisagem das ilhas gregas, se impu¬nha em suas memórias. Teria forças suficientes para resistir aquele homem? Num gesto inconsciente, ela passou a mão sobre os olhos, numa tentativa infrutífera de se livrar daquelas ima¬gens. Havia outras recordações menos sedutoras de seu ex-mari¬do, razões que a haviam levado a abandoná-lo, sentindo-se a última das mulheres, morta por dentro. Seria prudente mantê¬-las em mente, agora que teria de se aventurar mais uma vez nos domínios dele.
― Não vá Olívia. - O apelo quase choroso de Peter a despertou 


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