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domingo, 8 de junho de 2014

A ESPADA DO PODER

Highland Sword
Ruth Ryan Langan -  Drummond 1



Aquilo era uma proeza que parecia tirada de uma lenda...
Merrick MacAndrew tinha consciência da dificuldade da missão, mas estava disposto a fazer qualquer coisa para salvar o seu filho moribundo... incluindo ir à procura de Allegra Drummond à sua terra encantada e raptá-la. Dizia-se que ela possuía um dom especial para curar... e para derreter o coração de Merrick, como pôde confirmar mais tarde.
Embora Allegra Drummond estivesse presa e fosse obrigada a fazer tudo o que aquele corajoso guerreiro escocês lhe pedisse, a nobreza da sua causa tinha feito com que sentisse compaixão por ele. O que não sabia é que, afinal de contas, seria ele quem a prenderia aos seus encantos, de corpo e alma.


Prólogo

Escócia, 1546

O céu plúmbeo agitava-se com nuvens que anunciavam chuva. Um vento gélido agitava as ervas altas que cresciam nos prados. No entanto, aquele tempo tão agreste não impediu que o povo aproveitasse o dia de mercado. Os que iam a pé olhavam com cautela para as carroças puxadas por cavalos e para as carruagens de feno que lutavam por abrir caminho ao longo das ruelas estreitas que iam dar a Edimburgo.
Nola Drummond, uma jovem viúva, avançava com a sua carruagem puxada por um pônei através da multidão. A sua mãe, Wilona, estava ao seu lado e, na parte traseira, viajavam as três filhas pequenas de Nola sentadas sobre fardos de ervas secas, meadas de linho e cestos de ovos que as mulheres vendiam no mercado. Ao seu lado estavam Bessie, uma velha harpia corcunda, e Jeremy, um troll gordinho de cartola e fraque. Tanto Bessie como Jeremy tinham sido desprezados pelos outros antes de serem aceites por aquela família.
— Olha, mamã — disse a pequena Allegra, que tinha seis anos, apontando para a multidão que se juntava à beira do lago.
Quando aproximaram um pouco mais a pequena carruagem, viram que as mulheres e os meninos choravam ao ver os pescadores tirarem o corpo de um rapaz da água. Nola parou a carruagem e ela e Wilona ajudaram a descer Kylia e Gwenellen, de cinco e três anos, respectivamente.
Incapaz de controlar a curiosidade, Allegra desceu sozinha e desatou a correr à frente dos outros. Quando chegou próximo da beira da água, foi muito fácil deslizar entre a multidão até conseguir ver e ouvir tudo.
— Não! O meu Jamie não! — gritava uma mulher, depois de se atirar para cima do corpo do rapaz, com a voz rouca pelo pranto. — Já enterrei o meu homem e três dos meus filhos. Jamie era a única coisa que me restava neste mundo. Oh, não... Por favor... O meu Jamie não...
Um dos pescadores pôs uma mão sobre o ombro da mulher.
— Lamento muito, Mary, mas o rapaz está morto. Chegamos tarde demais para o salvarmos.
Uma onda de tristeza infinita apropriou-se dos curiosos. Nem sequer os pescadores, queimados pelos anos passados no mar, conseguiram conter as lágrimas ao ver o sentimento com que a mulher chorava.
Contagiada pela emoção que dominava todos os presentes, Allegra aproximou-se da mulher desolada e, antes que alguém pudesse detê-la, pôs as mãos sobre o peito do rapaz.
De imediato, um tremor violento apoderou-se dela à medida que as pontas dos dedos absorviam a frieza do corpo e esta passava através do corpo da pequena. A água do lago estava fria, muito fria.
A tremer, Allegra olhou para a mãe do rapaz.
— O teu Jamie não está morto.
— O que é que estás a dizer? — perguntou a mulher, surpreendida pela afirmação da menina e empurrada pela necessidade de acreditar.
— Que não está morto. Quer voltar para ti, mas precisa de ajuda.

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