Verão de fogo

To hot to handle
Elizabeth Lowell
Coleção Momentos Intimos Super, nº 28
Série
Romances Nova Cultural, 1986



Com um suspiro profundo Tory rol apara o lado e admira o corpo desnudo de Reever adormecido ao seu lado. Ele a deitara sobre a relva e a amara com ardor, despertando sensações deliciosas a cada carícia ousada.

Tory Wells agarrava com força a alça de sua mala, enquanto Ethan Reever lia a carta que lhe prometia um emprego na Fazenda Sundance. A expressão dele não era nada animadora.

— Mas me disseram que... — tentou dizer ela, com voz trêmula.

— Não interessa o que lhe disseram! — declarou Reever, interrompendo-a bruscamente. Depois de jogar a carta no lixo, lançou um olhar frio à loira esbelta à sua frente. — Não há nenhuma piscina aqui na fazenda, logo não há necessidade alguma para uma "monitora de natação". E, ao contrário de meu primo Payton, não gosto de loiras oxigenadas, que não põem a mão na massa com medo de quebrar as unhas.

— Meu cabelo não é oxigenado, minhas unhas são curtas e, no dia em que eu recusar algum trabalho, você pode me despedir — retrucou Tory, jogando sua mala no chão.

Reever deu uma risada áspera e apoiou suas mãos fortes sobre a mesa.

— Querida, eu não a empreguei e não tenho a menor intenção de fazê-lo.

Tory encarou em silêncio o homem intransigente que lhe sorria com um leve desprezo. Ele não se parecia em nada com o primo Payton, que fora quem lhe sugerira que se empregasse na Fazenda Sundance. Payton tinha cabelos loiros e lisos, olhos de um azul brilhante, e era alto e magro. Os cabelos de Reever eram negros, espessos e abundantes. Seu rosto rude mostrava uma barba por fazer. Seus olhos escuros eram realçados por sobrancelhas grossas. Ele tinha a estrutura física e os músculos de um atleta. Era uma presença forte e ameaçadora.

A intensa masculinidade que emanava daquele homem teria perturbado Tory, se ela não estivesse precisando tão desesperadamente do emprego. Estava acostumada a conviver com homens que se dedicavam à perfeição física — entre eles, nadadores e mergulhadores. Mas nunca um homem havia lhe transmitido tanto calor através de sua mera presença. Reever parecia representar uma ameaça que ela ainda não conseguia identificar. Ele a fascinava. Sem perceber, passou a imaginar a sensação de ser envolvida por aqueles braços fortes.

Tory esforçou-se para se concentrar em conseguir o emprego. Tinha de convencê-lo a empregá-la de qualquer maneira. Ela só tinha alguns trocados no bolso, que não dariam nem para pagar a passagem de volta à cidade. Mas, mesmo que tivesse dinheiro, não havia nenhum meio de transporte para a cidade... A Fazenda Sundance estava localizada no meio do agreste do Arizona, um local onde as estradas são desertas e as terras povoadas pela luz do sol e pelo silêncio.

— Sr. Reever... — começou a dizer com cuidado, não querendo demonstrar seu desespero e muito menos o interesse feminino que havia despertado dentro dela.

— Reever! — disse ele, com voz áspera. — Apenas Reever. Você não está mais na cidade, srta. Victoria Wells.

 - Pode me chamar de Tory. É assim que todos me conhecem.

Ele estreitou os olhos e observou-a com atenção. Oh! Os olhos dele eram cinzentos, e não negros como ela havia pensado. Tory respirou e tentou mais uma vez romper a frieza daquele homem. Tinha certeza de que por trás daquele olhar frio haveria algo mais do que um espírito rude.

— O Sr. Sundance me garantiu que haveria trabalho para mim aqui — disse Tory, com honestidade. — Vim de muito longe às minhas próprias custas por ter essa certeza. Se a temporada de férias não começou ainda, deve haver alguma coisa em que eu possa ser útil até que ela comece.

Reever permaneceu em silêncio, lançando-lhe o mesmo olhar observador com que a olhara momentos antes. Tory sabia muito bem que tipo de mulher ele estava vendo. Ela tinha cabelos curtos e loiros, mechados pelo sol da Califórnia, olhos verdes e um corpo bronzeado que refletia os resultados de uma vida dedicada ao nado e ao mergulho.

Mas, se Reever estava pensando que ela ficaria embaraçada com seu olhar insistente, estava enganado. Ela estava acostumada a ser olhada com bem menos roupas do que a calça de algodão bege e a camiseta amarela que vestia. Os maios de competição eram como uma segunda pele e, quando ela se posicionava no trampolim para mergulhar, os espectadores eram capazes de adivinhar cada detalhe de seu corpo.

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