No Coração do Deserto

No Coração do Deserto

Oasis Of The Heart
Jessica Hart
Coleção Bianca Duas Historias, nº 647
Série
Romances Nova Cultural, 1995


Max Falconer não tinha uma opinião muito boa de Claire. Na verdade, ela era exatamente o tipo de mulher que queria evitar, glamorosa, bonita, impecavelmente vestida... Ele não conseguia pensar em nada pior!
Claire Kingswood não se importava com o que Max pensava dela. Ela tinha uma coisa em sua mente — garantir o êxito do seu negócio por causa de sua família, e se envolveu com algumas pequenas mentiras —, então que assim seja! Infelizmente para os dois, eles acabaram perdidos no deserto. Era uma situação potencialmente explosiva.


CAPÍTULO 1


— Max Falconer? Você está com sorte. É aquele ali.
Claire voltou-se na direção indicada, onde um homem esbelto e todo empoeirado descarregava equipamentos da carroceria de uma picape igualmente empoeirada. Sem notar seu interesse, ele interrompeu o serviço, tirou o chapéu e enxugou a testa com o braço, parecendo tão suado e exausto quanto ela.
Um tanto insegura, Claire demorou nele os olhos verdes. Max Falconer, haviam-lhe assegurado, era o melhor guia que poderia encontrar. Segundo lhe disseram, Max conhecia a região das montanhas tão bem quanto qualquer tuaregue.
Intrigada com o que ouvira sobre o inglês que se mudara para o deserto, Claire imaginara encontrar alguém mais vistoso, ou pelo menos com uma aparência mais romântica, mas, a julgar pelo modo metódico com que ele descarregava a picape, começou a ficar desapontada. Aquele homem poderia ser qualquer coisa, menos romântico. Apenas parecia cansado e mal-humorado.
— Tem certeza de que é ele mesmo? — insistiu com o jovem engenheiro que parara para lhe dar informações.
O homem sorriu de lado.
— Sem a menor sombra de dúvida. É o Max Falconer, sim, pode acreditar.
Claire conteve um suspiro. Nada ocorrera conforme o esperado naquela viagem. Não encontrara guias disponíveis na cidade, mas quando comentaram sobre o geólogo inglês, voltara a se animar. Seria outra coisa ter um acompanhante instruído, que falasse sua língua, ainda mais se fosse tão interessante quanto lhe fizeram crer. Agora, perdia as esperanças ao contemplar o verdadeiro Max Falconer. Nem de longe ele lembrava o homem atraente que imaginara. Na verdade, não conseguia lembrar-se de alguém menos atraente. Ele tinha um ar austero, ostentava uma segurança exagerada e, embora fosse obrigada a admitir que parecia mais do que competente, sua expressão não era das mais amigáveis. Seu cabelo era de um castanho comum e, pelo que conseguia ver daquela distância, era um homem muito sério. Suas esperanças de encontrar um guia gentil e companheiro se esvaneceram.
Bem, a ocasião faz o ladrão, refletiu Claire. Precisava chegar às montanhas de qualquer maneira e, se Max Falconer era a única pessoa capaz de levá-la até lá, o jeito era a acertar as coisas com ele. Aprumando o corpo, dirigiu um sorriso de agradecimento ao engenheiro e abriu caminho pelo chão pedregoso na direção indicada.
O engenheiro, com os olhos presos às longas e esguias pernas que se destacavam na claridade, observou-a com uma ponta de tristeza, à medida que ela se distanciava na direção da picape. Naquele acampamento rústico à beira do deserto, era raro receberem a visita de mulheres bonitas e interessantes assim.
Claire, no entanto, apesar das aparências, sentia-se tudo menos interessante. Castigada pelo sol, o calor e a claridade inclementes do deserto, sentia o corpo todo banhado em um suor pegajoso. Por um momento, desejou ardentemente estar em casa, aproveitando o frescor e a brisa da primavera londrina. Haviam lhe dito que Max Falconer morava em Shofrar havia anos, que escolhera viver ali. Ela não conseguia imaginar como alguém podia querer morar naquela fornalha empoeirada. Até o momento, não vira naquela região nada além de pedras, uma burocracia absurda e quilômetros de quilômetros de imenso deserto.

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