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terça-feira, 23 de outubro de 2012

Sede de Amar (Hungry for Love) Ariel Berk


Sede de Amar
(Hungry for Love)
Ariel Berk
"Não nos resta outra coisa a fazer, a não ser... sexo!"

Mentirosa! Ela não passa de uma traidora que quer me arruinar! Wesley diz para si mesmo, os olhos repletos de fúria, fixos em Heidi.
Ali, deitada sobre a cama, Heidi parece tão linda, tão meiga, tão deliciosamente mulher...
Mas Wesley não consegue conter sua revolta e explode, louco de ódio: "Saia daqui, Heidi! Na minha vida não há lugar para uma mulher como você!"

CAPÍTULO I

Heidi Barnett estava num beco sem saída. Acabara de vestir o blazer e já se encaminhava para a porta, quando ouviu uma voz masculina alterada, falando com Bertha do lado de fora de seu minúsculo escritório.
— O Sr. I. M. Hungry está? Quero falar com ele imediatamente!
Fosse lá quem fosse, o homem parecia furioso. Sua voz era alta, porém ele não estava gritando. Heidi podia imaginar as palavras saindo através dos dentes cerrados. Dentes não, presas.
— Sinto muito, mas isso não será possível — Bertha disse ao homem.
— Não estou aqui para discutir se é possível, ou não. Estou aqui para falar com ele e vou falar, agora!
— Já disse que isso não será possível — Bertha repetiu, a voz tão baixa e fria, quanto a dele.
— A senhora sabe quem eu sou? — ele rosnou.
— Não, senhor. E nem quero saber.
— Mas eu vou dizer, assim mesmo. Sou Wesley Evans, dono do L'Etoile. E aquele incompetente que está aí dentro, escreveu na droga da sua revista que comer no meu restaurante é como fazer um cruzeiro no Titanic. Fique sabendo que eu não gostei nada disso. Se ele pensa realmente desse jeito, devia ter me dito pessoalmente.
Heidi conteve o riso a custo. Sua crítica sobre o pretensioso restaurante recém-inaugurado na Quinta Avenida saíra na edição do dia anterior da revista Gotham. Era uma matéria muito boa e ela estava orgulhosa de seu trabalho. Nela, dizia que a diferença entre os fregueses do L'Etoile e os passageiros do Titanic era que os primeiros torciam para naufragarem... Mais adiante realçava que a decoração lembrava um bordel francês, embora ela duvidasse que qualquer prostituta tivesse a audácia de cobrar preços tão exorbitantes.
— Não quero nem saber se o homem não recebe ninguém — ele continuou com teimosia. — Eu insisto em vê-lo.
— Pois eu insisto em dizer que ele não irá recebê-lo — Bertha replicou, com firmeza.
"Ponto para Bertha", pensou Heidi, tentando imaginar o homem pelos sons que emitia. Ele devia ser enorme; as mãos rechonchudas, cobertas de pêlos. Pensou num urso cinzento. Não. Um gorila. Só que Bertha, com seu metro e meio de altura não se deixava intimidar e Heidi a respeitava muito, não só por esses pequenos favores, como também por sua extrema eficiência.
Aparentemente, Wesley Evans não sabia com quem estava lidando e insistia:
— E quem é esse idiota afinal? É evidente que I. M. Hungry é um pseudônimo. Na certa, ele não passa de um covarde, já que não tem coragem de assinar seu próprio nome!
"Covarde, não!", Heidi argumentou silenciosamente. Apenas uma profissional, crítica de restaurantes, que tinha de se manter no anonimato. Afinal, se algum dono de restaurante descobrisse quem ela era, não a trataria como uma freguesa comum e seu trabalho iria por água abaixo. Por isso, sua identidade era mantida sob o mais absoluto sigilo, com a total colaboração da fiel Bertha.

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