MAR DE ILUSÕES

Mar De Ilusões

Laurette, Laurette, Laurette... 

Sempre aquela loira provocante insistindo em lhe tirar Zachary, o homem a quem amava! 

Helen não saberia explicar quando começara a odiar Laurette.

Também não saberia explicar quando começara a amar Zachary, aquele industrial irresistível, capaz de levá-la à loucura. 

Jamais conseguira esquecer Laurette ou Zachary; nem agora, que estava viajando numa precária embarcação nas gélidas águas do Pacífico Norte, era capaz de afastá-los da lembrança. 

E, dividida entre o amor e o ódio, Helen mal tinha consciência do sério perigo que corria. 

Porque as baleias se aproximavam e logo estariam perto, muito perto...

Capítulo Um 

A brisa suave entrava pela janela do banheiro, erguendo levemente as cortinas, deixando que os raios de sol brincassem no corpo molhado de Helen Maclean. 

Ela pegou uma toalha felpuda, massageou as costas vigorosamente e depois enxugou os longos cabelos castanhos de modo que ficassem apenas úmidos e mais fáceis de serem desembaraçados. 

Então, abriu a torneira da pia e segurou alguns segundos o biquíni sob a água corrente até que ele estivesse completamente livre do sal e da areia da praia. 

A manhã estivera maravilhosa e o sol abrasador. Mendocino era considerada um paraíso pelos americanos; uma colônia remanescente das comunidades hippies dos anos sessenta. 

E os negociantes locais se aproveitavam desta imagem para incrementar ainda mais o afluxo de turistas que invadiam as praias durante os fins de semana e as temporadas de férias. 

Quantas e quantas vezes Helen fora apontada por crianças na rua:

— Mamãe, aquilo ali é que é uma hippie?

Ela sorria para si mesma, atribuindo os comentários um tanto preconceituosos ao fato de seu corpo, bastante bronzeado, estar apenas com duas peças minúsculas, que contrastavam com o traje de banho da maioria dos turistas. 

A imagem era reforçada pelos cabelos longos que ela costumava usar soltos, caindo-lhe sobre os ombros e cobrindo parte das costas.

Ainda nua Helen caminhou até o quarto, sentando em frente ao espelho oval sobre a penteadeira, e iniciou a difícil tarefa de desembaraçar os cabelos lisos, porém bastante fartos. 

Já estava na última mecha quando uma batida insistente soou à porta de entrada no andar inferior.

— Droga! — resmungou, deixando o pente de lado. — Não pode ser ele, tão cedo.

Olhou rapidamente para o relógio sobre o criado-mudo e confirmou a hora. 

Não, não estava atrasada. Faltava pouco para as onze, e o compromisso com o modelo fora marcado para o meio-dia. 

A batida soou novamente, mais alta desta vez e, por um segundo, Helen lembrou-se de seu apartamento em Paris. 

Madame Piaget, a zeladora, costumava agir como se tivesse saído de um romance de Dickens, mas pelo menos sabia como lidar com visitas inesperadas. 

Com um suspiro resignado, caminhou até o corredor. 

— Um minuto! 

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