Querida leitora,
As três histórias deste livro são sobre mulheres que colocaram seu futuro nas mãos do destino e aceitaram se casar com homens que nunca haviam visto antes. O século XIX no Meio-Oeste dos Estados Unidos era um lugar inóspito, as dificuldades eram muitas, e uma mulher precisava ter um marido para poder sobreviver. Será que nossas heroínas – Tess, Evangeline e Annabelle – cometeram um grave erro, ou elas encontraram o pote de ouro no final do arco-íris?...
Muita emoção, aventura, suspense, romance e sensualidade nesses três lindos contos de amor. Confira!
1- A NOIVA DE JAKE

Depois de perder suas parcas economias num assalto em Nova York, Tess Dalton agarra a primeira oportunidade que aparece e decide ir para o Texas como noiva por encomenda.
Quem sabe o destino finalmente resolveu lhe dar uma chance de ser feliz?...
Capítulo Um
Texas, 1867
— Mais um movimento e será o seu fim, senhora.
A voz grave atravessou o nevoeiro e alcançou os ouvidos da mulher que cochilava.
Ao mesmo tempo, ela tomou consciência dos membros dormentes, da garganta seca e do suor escorrendo por entre os seios. Uma arma foi engatilhada.
Tess congelou.
E ela achava que as coisas não poderiam piorar...
Lentamente, sem ousar respirar, abriu os olhos e viu um par de botas de pele de cobra, empoeiradas, a um metro e meio do banco de pedra onde estava deitada. Seu olhar acompanhou a figura esbelta que trajava calça preta e camisa azul-clara. Os quadris eram estreitos, os ombros largos. Viu também que havia uma espingarda apontada para o seu peito.
Uma visão nem um pouco confortável.
Sob um grande chapéu preto, olhos claros da cor do céu de inverno a fitavam através da mira de uma arma.
— Aqui está o meu dinheiro. Pode levar — balbuciou ela, engolindo em seco, enquanto pegava a bolsa.
Tess apertou os olhos.
O estampido quebrou o silêncio. Seus ouvidos tiniram. Fragmentos de pedregulhos atingiram seus braços, pernas e cabeça. Sentiu o gosto da pólvora.
Algo macio caiu em suas pernas, retorcendo-se e roçando sua pele, com um brilho dourado e preto.
Uma cobra tinha se enroscado em sua saia.
— Oh! — gritou ela. — Tire isso de cima de mim!
A criatura deslizou pelas pedras até o chão e ali ficou formando um rolo cor de areia com diamantes negros ao longo do corpo. Parecia morta. E sem cabeça.
Tess estremeceu. Seu coração batia como se ela tivesse corrido milhas e milhas.
Com um pontapé, o homem lançou para longe o animal peçonhento.
Uma cascavel.
Sem fôlego e transpirando muito, Tess olhou para o desconhecido.
— O senhor quase me matou de susto! Não sabe que é perigoso disparar perto de pessoas?
Com um dedo, ele ergueu a aba do chapéu. Por um instante, Tess ficou atônita ao ver os traços fortes daquele rosto bronzeado.
Misericórdia! Nunca a visão de um homem bonito a impressionara tanto a ponto de deixá-la naquele estado! Sentia-se estranhamente... Vulnerável.
— Você não tem nada melhor para fazer do que ficar aqui neste lugar? — disse rudemente o estranho. — Seus olhos azuis contrastavam com as sobrancelhas escuras.
— Estou esperando uma pessoa — respondeu ela, sem jeito. Seu noivo.
Tess sentiu algo estranho no estômago. A única coisa que avistava naquela encruzilhada onde a diligência a havia deixado era aquele homem e o cabriolé que ele trouxera até ali enquanto ela dormitava.
Impossível... Ela havia se preparado para ver alguém gordo e careca, ou velho e feio, qualquer coisa, contanto que fosse educado e amável, é claro. Jamais imaginara se deparar com aquele epítome da beleza masculina.
Sentiu o desabrochar de várias emoções em seu íntimo, como brotos de plantas após uma chuva de primavera. Afastou os cabelos para trás e ajeitou o chapéu. Após três dias de viagem sob o sol escaldante, devia estar com uma aparência horrível.
O recém-chegado tirou o chapéu, revelando cabelos escuros e bem penteados. Sua expressão era de constrangimento.
— Senhora! — O timbre grave da voz fez com que ela sentisse um arrepio descendo pelas costas. — A senhora é noiva, Sra. Dalton?
— Sim — ela conseguiu sussurrar.
Ele a olhou de cima a baixo.
— Diabos! — Bateu o chapéu para tirar a poeira. — O que Tom Wilkins estava pensando? — Ele balançou a cabeça. — Minha cara, isso não vai dar certo.
As emoções que Tess sentira pouco antes desapareceram diante da frieza do olhar daquele estranho. Ela engoliu em seco outra vez.
— Quer dizer que o senhor é...
Gray Wolf’s Bride
Kimberly Ivey
Texas, 1885
Viúva e com um filho pequeno, Evangeline Payne foge para o Texas com a esperança de encontrar proteção nos braços do homem com quem se casou por procuração, apenas para descobrir que é o único homem que ela amou na vida…
Gonzales, Texas
Maio de 1885
O coração de Gray Wolf McKinnon deu um pulo dentro do peito quando ele olhou para o retrato na página sete do catálogo da agência Uma Noiva para Todos, que viera pelo correio naquela manhã.
Não podia ser... mas era! Evangeline Braddock Payne. Ele se levantou com tanto ímpeto que a cadeira tombou no chão. Leu a descrição sob a fotografia:
Viúva de vinte e oito anos, com filho pequeno, procura casamento com cavalheiro gentil e honrado. Sabe cozinhar e costurar, e dispensa o período de namoro.
Gray jogou o catálogo longe e pôs-se a andar de um lado para o outro, dentro de seu chalé. Evangeline estava viúva... Por mais que devesse estar alegre por Garrick Payne ter morrido, por alguma razão isso não lhe trazia satisfação nenhuma, e ele pouco se importava com quem Evangeline se casaria ou não. Toda a ternura que sentira por ela tinha desaparecido dez anos antes, quando haviam tentado matá-lo.
Gray abriu a porta e se encostou no batente, respirando fundo o ar da noite. Que interessante reviravolta do destino... O reverendo Garrick Payne estava morto, e Evangeline estava livre para se casar.
Para se casar com ele.
Não!
Afastando-se da porta, ele caminhou pela varanda que circundava todo o perímetro do chalé. O que tinha na cabeça? Evangeline o traíra, suas mentiras quase lhe tinham custado a vida!
Ele passou uma das mãos pelos cabelos longos, que chegavam aos ombros, e suspirou, exasperado. Evangeline nunca se importara com ele. Para ela, fora só um namorico inconsequente, uma maneira de passar os dias solitários de verão na fazenda do pai.
Gray voltou para dentro, chutando a porta para fechá-la. Olhou para o catálogo no chão e depois para a escrivaninha. Seu corpo estremeceu de raiva conforme uma trama tomava forma em sua mente. Pegou o catálogo e correu o dedo pela página até encontrar novamente o retrato dela. Em seguida foi até a escrivaninha, endireitou a cadeira e sentou-se, segurando o catálogo à sua frente.
Aquilo era insano... Não, ele era insano.
Ande, vá em frente, disse uma vozinha interior.
Ele ajustou o pavio do lampião, iluminando a sala. O que ganharia fazendo aquilo?
Vingança.
Abriu a gaveta da escrivaninha e pegou tinta, pena e uma folha de papel. Respirou fundo, estalou as juntas dos dedos e começou a escrever.
3- A NOIVA DE JOSH

Depois de trabalhar como uma escrava para o pai e os irmãos, Annabelle Yeager chega no Texas para descobrir não só que seu noivo foi assassinado, como também que ele era o proprietário do bar e bordel chamado Chance Saloon…
Em pouco tempo, a cidade se volta contra Annabelle, e alguém tenta matá-la.
O xerife Josh Morrow jura mantê-la a salvo, mas a que custo para ele próprio?...
Capítulo Um
Shiloh Springs, Texas 1872
O xerife Josh Morrow ouviu a porta de seu escritório abrir e depois bater, abalando as janelas.
— Ela chegou! — O delegado Roger Miller correu na direção das celas. — A noiva por correspondência está aqui.
— Já ouvi! — exclamou o xerife, saindo de uma pequena sala escura. Diabos, metade do país provavelmente tinha ouvido.
— Você me pediu para avisar — lembrou Roger. — O que vai fazer, xerife?
— Encontrar-me com ela. — Josh apanhou o chapéu e saiu do escritório. Momentos depois ouviu a porta bater e Roger apertou o passo para alcançá-lo. — Corra até o pastor Huddleston e diga a ele e à esposa para me encontrarem no escritório agora.
Uma mulher miúda, usando um casaco de viagem azul, sentou-se num banco do lado de fora da estação. Um chapéu ridículo, com um véu e uma pluma verde, pousava sobre os cachos loiros.
O que Barry Woods tinha na cabeça? Ela não devia ter mais de vinte anos, e quantos anos tinha Woods? No mínimo quarenta.
— Com licença, senhorita? — Ele tirou o chapéu. — Sou o xerife Josh Morrow. É a srta. Annabelle Yeager?
— Sim, sou eu — respondeu ela, olhando para o xerife.
Que droga... Tão jovem, tão miudinha... tão bonita. Não iria ser fácil.
— Lamento, mas o sr. Woods não está disponível — mentiu. — Por que não vem ao meu escritório?
Ela não se moveu.
— Pode esperar lá dentro, fora do sol.
— O sr. Woods saberá onde me encontrar? — O véu escondia seus olhos, mas não a incerteza da voz.
— Sim, senhorita.
Se ele estivesse em condições de encontrá-la, o que não era o caso.
— E a minha mala? — Ela mordiscou o dedo, apesar da luva.
— Roger cuidará dela.
— Está bem.
Ela se levantou e passou o braço pelo de Josh. Ela mal chegava ao ombro dele. Se Barry Woods já não estivesse morto, seria o caso de se considerar matá-lo por ter trazido uma moça tão doce e inocente como aquela para uma cidade indomada como Shiloh Springs. Levou-a para dentro do escritório e ofereceu-lhe uma cadeira.
— Gostaria de um café, ou uma água?
— Água, obrigada

Essa série é maravilhosa, amei 🥰
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