Seguidores

segunda-feira, 9 de março de 2015

INDISCRETA





INDISCRETA
Indiscreet
Candace Camp

                                                                          (Versão Grandes Autores 06)


Benedict Wincross entra na vida de Camilla Ferrand tão rápido quanto puxa o gatilho de sua arma. Seria ele um seqüestrador? Um ladrão? Por que Camilla começou a fazer parte da vida dele sem nem se dar conta disso? Embora Benedict não seja um perfeito gentleman, Camilla percebe que ele é exatamente o tipo de homem de que ela precisa: um noivo temporário para satisfazer as exigências de seu avô, o Conde de Chevington. Por outro lado, Benedict também tem seus interesses em jogo. E um deles é conseguir passe livre em Chevington Park, propriedade da família de Camilla, para conduzir uma investigação secreta sobre corrupção. Benedict e Camilla tem seus objetivos particulares, mas não estão preparados para enfrentarem a paixão forte e inesperada que surge entre eles e que é capaz de colocar ambos em grande perigo.



Capítulo I



1812

Ela estava perdida.
Camilla suspeitava disso há algum tempo e, agora, ao empurrar a cortina para o lado e mirar a noite, teve certeza. Sua carruagem estava coberta pela neblina. Parecia estar no meio de uma nuvem. Não tinha a menor idéia de sua localização. A carruagem poderia estar a dez metros da casa de seu avô ou na ponta de um penhasco.
— Que que eu faço, moça? — perguntou o cocheiro do alto do veículo.
— Vamos esperar um pouco. — Seria tolice insistir nessa neblina tão densa. Não dava para imaginar onde iriam parar. — Deixe-me pensar.
Com um suspiro, deixou a cortina cair e recostou-se no assento acolchoado. Fora tudo culpa dela, ela sabia. Se ao menos não estivesse tão mergulhada nos pensamentos, tão imersa em seus problemas, talvez tivesse percebido a névoa se adensando ou notado que o cocheiro contratado, sem conhecer o terreno local, havia tomado um caminho errado. Na verdade, ela deveria ter parado no vilarejo e contratado um mensageiro local para mostrar o caminho ao cocheiro. Em vez disso, ficara se torturando em busca de um meio de se livrar de seu dilema, tão concentrada na armadilha que havia imposto a si mesma com sua mentira — por que vovô contara para tia Beryl? que não tinha prestado a menor atenção, ao rumo tomado pelo cocheiro. Bem, agora teria de pagar por sua desatenção.
Camilla abriu a porta da carruagem e olhou para fora. Não conseguia nem ver as cabeças dos cavalos com clareza. Olhou para a estrada. Podia enxergá-la o suficiente para dar-se conta de que não era maior do que uma trilha no urzal, certamente não era a estrada que levava a Chevington Park; Deus sabe para onde o cocheiro londrino os havia levado.
Enrolando seu manto em torno de si e amarrando-o no pescoço, desceu com leveza. O cocheiro olhou ao redor e, em seguida, para ela.
— Mas o que a senhorita está fazendo? — moveu-se como se fosse descer. —Ainda nem baixei os degraus.
Camilla acenou de volta.
— Tudo bem. Não precisa se incomodar. Já desci. Vou dar uma olhada ao redor.
O cocheiro pareceu preocupado:
— Olhe, moça, é melhor não andar muito. Não dá pra ver um palmo na frente do nariz, com esse tempo.
E acrescentou, com amargor:
— Maldito lugar: Dorset. — Camilla sorriu para si, mas se abstraiu de lhe perguntar se Londres também não tinha nevoeiro. Em vez disso, perguntou:
— O senhor tem uma lanterna? Seria útil.
— Tenho, senhorita. — O homem inclinou-se e deu-lhe a lanterna, ainda em dúvida. Obviamente, na sua experiência, jovens de fino trato não saíam por aí na neblina, com ou sem lanterna.
Camilla ignorou-o e dirigiu-se aos cavalos, segurando a lanterna de modo a ampliar seu alcance. A luz mal penetrava a neblina, mas iluminava o chão debaixo de seus pés, possibilitando que ela visse a estreita marca deixada pelas rodas da carruagem. O cavalo da frente, à direita, girou os olhos, preocupado com sua aproximação, mas ela falou com ele num tom tranqüilizador, acariciando-lhe o pescoço e acalmando-o com facilidade. Virou-se para o cocheiro:
— O melhor a fazer, na minha opinião, é eu andar ao lado dos cavalos, guiando-os. Assim, teremos certeza de que não sairemos da estrada ou cairemos em um buraco. Vejo bem o chão à minha frente por vários metros.
O cocheiro pareceu tão horrorizado quanto se ela tivesse sugerido despir-se e sair correndo gritando pela noite.
— Moça! Ahn, a senhorita não pode fazer isso.
— Por que não? É a coisa mais sensata a fazer.
— Não é apropriado. Eu guio eles. — Começou a colocar as rédeas de lado, mas a voz de Camilla fez com que parasse.
— Bobagem! Quem pararia os cavalos se, por acaso, decidissem disparar? Eu lhe asseguro: não tenho habilidade com as rédeas. Sou, entretanto, perfeitamente capaz de caminhar e olhar o chão à minha frente. Além disso, vivi aqui quase toda a minha vida. Não tem lógica o senhor conduzir os cavalos.
— Mas, moça... não seria apropriado...
— Ah, deixemos isso de lado. O apropriado não vai nos ajudar a sair dessa situação, vai?
Deu as costas para ele, dando por encerrada a conversa e se colocou à frente dos cavalos. Deslizou a mão por baixo da correia de uma das rédeas e começou a andar, segurando a lanterna no alto com a outra mão. Os cavalos puseram-se a andar obedientemente a seu lado.
A trilha estava um pouco enlameada, havia chovido algumas horas antes e Camilla manteve-se na grama ao lado da trilha sulcada para evitar que seus sapatos se enchessem de lama. Entretanto, a umidade da grama orvalhada logo adentrou os calçados. A neblina começou a se elevar um pouco, revelando um trecho de tojo ou um arbusto de sarça aqui e ali, mas, ao mesmo tempo, começou a garoar. Suspirando, Camilla puxou o capuz do manto para proteger a face dos pingos frios e constantes.
A garoa, ela logo reparou, transformava-se em chuva. Seus pés deslizavam na grama úmida, mas quando pisava na trilha, a lama lisa não era nem um pouco melhor. Ainda por cima, a chuva começava a penetrar em seu leve manto. Pensou em pegar o guarda-chuva na carruagem mas não conseguia imaginar como poderia carregá-lo junto com a lanterna e ainda segurar a cabeça do cavalo. Sua única alternativa era esperar a chuva parar, mas não lhe agradava a idéia de ficar presa ali nem um minuto a mais do que o necessário. Seguiu em frente, agradecendo o fato de a neblina estar, pelo menos, desaparecendo, reduzida a um punhado de manchas.
Então, à sua esquerda, viu uma movimentação e deu um pulo, espantada, deixando escapar um gritinho de surpresa. Ergueu a lanterna e mirou a escuridão da noite. Era um homem em pé ao lado de uma pequena árvore, quase escondido pelos galhos.
— Cavalheiro! — exclamou, largando a cabeça do cavalo e caminhando decidida na sua direção — cavalheiro, o senhor pode me ajudar? Estamos perdidos, e...
O homem se atirou em sua direção, franzindo furiosamente as sobrancelhas, o rosto pálido na escuridão. Havia uma: pistola de cano longo em sua mão.
— Shh! Você quer nos matar a todos?
Naquele instante, a lanterna explodiu em sua mão, a explosão acompanhada de um estouro. Os cavalos relincharam e se agitaram, nervosos. A lanterna, arrebentada, caiu no chão e apagou-se, mergulhando-a numa completa escuridão. Camilla gritou e correu de volta para a carruagem.
Mas antes que pudesse dar um passo, o homem lançou-se no espaço que os separava e chocou-se contra ela com todo o seu peso, levando ambos ao chão. Camilla bateu firme na terra, a respiração presa. O estranho estava esparramado em cima dela, com seu peso prendendo-a no chão. Camilla lutava para se desvencilhar dele e tentava respirar.
—- Pare de se debater, droga! — resmungou o homem, fixando-a no chão. — Estão atirando na gente. Garota idiota, você quer morrer?
Só então percebeu o que tinha sido aquele estouro e por que a lanterna tinha se estilhaçado. Alguém tinha atirado nela! Percebeu também que tinha ouvido mais estouros quando o homem a jogou no chão. Camilla ficou lívida com o choque.
Havia gritos ao longe, mas não mais estampidos. Perto deles, os cavalos, perturbados com os tiros, relinchavam e se movimentavam para cima e para baixo, sacudindo as cabeças. O cocheiro, praguejando, lutava para controlá-los.
O estranho ergueu a cabeça e olhou para trás deles. Camilla encarou-o. Seu rosto era duro e moreno, com ângulos bem definidos, ossos salientes e sobrancelhas negras e oblíquas. Ele parecia, pensou ela, bastante perigoso e, instintivamente, ela teve certeza que era ele o alvo dos tiros.



PARA SABER MAIS DO LIVROMAIS DO LIVRO VISTEM BLOG

http://www.guardiadameianoite.com.br/2012/06/mordida-de-banca-indiscreta-candace.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário