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quarta-feira, 19 de novembro de 2014

SÉRIE GUERREIROS DO GELO

 Guerreiros do Gelo - Antologia com 3 histórias

7.1- Inverno Sombrio - Brianna MacEgan e Arturo de Manzano
7.2- A Sagrada e o Maldito - Rhiannon MacEgan e Kaall
7.3- Tempo de perdão - Adriana de Manzano e Liam MacEgan




Inverno Sombrio

Série Guerreiros do Gelo






O marido de Brianna MacEgan foi assassinado há um ano, e ela continua obcecada por vingar sua morte.



Mas Arturo de Manzano irá distraí-la com seu corpo musculoso de guerreiro...
O gelo que endurece o coração de Brianna corre o risco de começar a derreter...


Capítulo Um

Irlanda — 1192
O vento ficara frio em Éireann, forçando Brianna MacEgan a buscar abrigo no interior da choupana de pedra em forma de colmeia. A lareira se apagara, mas ela ainda não a reacendera. O frio no interior daquelas paredes combinava com os sentimentos no seu coração.
A qualquer instante, esperava que a porta se abrisse, e Murtagh chegasse para roubar um beijo. Mas ele não chegaria. Fora morto em um ataque por um guerreiro lochlannach de Gall Tir.
Nos seus pesadelos, Brianna via a expressão de choque no rosto de Murtagh quando uma lança lhe tirou a vida.
Ela arrancara um grito de angústia de dentro de si quando correra para o lado dele, sem ligar para o perigo. Jamais esqueceria a expressão fria do viking que o matara. Em uma fração de segundo, ele acabara com seu mundo.
Parte de si estava enterrada ao lado dele. O pior era jamais ter dado à luz uma criança durante o tempo em que ficaram casados. Não haveria menino com os olhos de Murtagh, nenhuma menina com o seu sorriso. O desejo de ter um filho era um vazio que latejava em seu íntimo, mas ela não conseguia imaginar outro homem tomando o lugar de Murtagh.
As paredes pareciam sufocá-la, a tristeza encobrindo-a. Embora o pai houvesse implorado para que ela retornasse a Rionallís, o lar onde crescera, não conseguia se forçar a deixar Laochre. Todas as suas melhores lembranças estavam ali, naquela casa.
No interior daquele espaço, podia sentir a presença de Murtagh, como um fantasma assombrando-a. E, embora soubesse ser chegada a hora de deixar o passado ir, ainda não estava pronta.
Alguém bateu à porta, e, sem aguardar uma resposta, sua prima, Rhiannon, entrou. O longo cabelo castanho estava trançado ao redor de sua testa, enquanto o restante lhe cascateava até a cintura.
— Procurei por você em todo canto. Os guardas avistaram cavaleiros se aproximando. Liam voltou… e está trazendo uma mulher!
— Ele voltou das Cruzadas? — Brianna ficou de pé, esfregando os braços para espantar o frio.
O primo fora para a Terra Santa contra as ordens do pai. O rei ficara furioso ao descobrir, mas permitira que o filho permanecesse… desde que continuasse a serviço do rei Ricardo Coração de Leão.
— Por que acha que ele trouxe uma mulher?
Rhiannon deu de ombros.
— Na certa para se casar com ela. Há carroças atrás deles, e mais cavaleiros. — A voz da prima estava carregada de empolgação ante a perspectiva de visitantes. — Talvez eu encontre um marido. Reze a Deus para que haja alguém bonito entre eles.
A prece fervorosa não foi de todo um gracejo. O pai de Rhiannon acreditava não haver homem vivo à altura da filha. Proibira qualquer um da aldeia de sequer olhar para ela, quanto mais pedi-la em matrimônio.
— E se você conhecer um forasteiro bonito? — perguntou Brianna.
Rhiannon lançou-lhe um sorriso misterioso.
— Não falarei dele para o meu pai, disso você pode ter certeza. — Ela esfregou os ombros ante o frio. — Venha, vamos cumprimentar Liam.
— Vá sem mim, Rhiannon. Eu irei em alguns instantes.
Sem dúvida, se Liam ia se casar, haveria banquetes e comemorações durante dias. A simples ideia de se divertir era estranha para Brianna, como um sonho há muito esquecido.
O rosto de Rhiannon ficou sério.
— Há semanas você vem se escondendo. Se eu a deixar a sós, sei que não virá.
— Sinto muito. — A solidão era tão insuportável que ela não sabia como se libertar dos braços da melancolia. — É só que…



A Sagrada e o Maldito

Série Guerreiros do Gelo







Perdida em uma tempestade de neve, Rhiannon MacEgan é salva por um viking destemido.



Sua alma solitária logo se identifica com Kaall, mas eles conseguirão ficar juntos um dia? Além de cego e exilado, Kaall é o inimigo mais odiado da prima de Rhiannon...


Capítulo Um

Inverno de 1192
Eu lançarei um encanto para você, prima. E no solstício de inverno, prometo que encontrará o amor.
Rhiannon MacEgan duvidava que uma garota de 12 anos pudesse invocar um homem, ainda mais um que pudesse se apaixonar por ela.
Contudo, Alanna acreditava firmemente nos costumes antigos. Talvez corresse sangue druida nas suas veias, ou talvez o tio Trahern houvesse lhe contado algumas histórias de fadas a mais do que devia.
Independentemente do que fosse, não havia mal em caminhar até o dólmen, que ficava na metade do caminho entre Laochre Castle e Gall Tír, o povoado viking. Sua prima podia lançar os encantamentos que quisesse, e Rhiannon não a impediria.
O céu ficou escuro com as nuvens pesadas, e o ar estava tão frio que sua respiração produzia círculos de vapor. A geada estalava sob seus pés, e, ao aproximar-se do dólmen, ela apertou a capa ainda mais ao redor do corpo.
Lembrava um altar antigo, com as duas rochas paralelas na base e a mesa de pedra inclinada. Alanna aguardava perto do cemitério druida, e ao seu lado estava Cavan MacEgan. Ele parecia irritado por ter de acompanhar a irmã caçula.
Quando Rhiannon os alcançou, Cavan lançou-lhe um olhar sombrio.
— Não acredito que concordou com a superstição tola dela. Está um gelo, e prestes a nevar.
— Não é tolice — protestou Alanna. — Prometo que vai funcionar.
Cavan revirou os olhos, mas Rhiannon lançou um sorriso encorajador para a menina.
— O que devo fazer?
— Precisarei de uma mecha de seu cabelo. — A garota mostrou uma trouxa contendo uma mistura de casca de vidoeiro e ervas.
Rhiannon usou uma faca para cortar uma pequena mecha da parte interna da cabeleira. Alanna enrolou a mecha escura ao redor da trouxa e a pousou sobre o dólmen.
— Agora acendemos uma fogueira, e eu lanço o feitiço.
Cavan pegou uma pederneira e a estendeu para Rhiannon, que hesitou.
— Talvez seja melhor você acender, Cavan. Não sou boa em produzir centelhas.
— Não — protestou Alanna. — Se meu irmão o fizer, o feitiço de amor recairá sobre ele.
— E não queremos isso — comentou o primo com secura.
Rhiannon pegou a pederneira, segurando-a sobre a trouxa de ervas.
— Ao esfregar a pederneira, limpe sua mente, e eu invocarei a imagem do homem que você virá a amar. Queimaremos o talismã e você inalará a fumaça.
— O cheiro de cabelo queimado é horroroso — lembrou Cavan. — Ela na certa vai se engasgar.
A irmã caçula lançou-lhe um olhar fulminante, mas Cavan apenas sorriu, recuando, com os dedos tapando o nariz.
— Sendo assim, vá em frente, Rhiannon.
Foram necessárias várias tentativas, contudo, por fim, ela conseguiu fazer com que uma faísca pousasse sobre o montinho. Esta morreu instantaneamente, deixando escapar uma fina coluna de fumaça.
— Rápido, inspire — ordenou Alanna.
Rhiannon fungou, rindo ao fazê-lo.
— Tem razão, Cavan. O cheiro é terrível.
— Acho que devemos voltar para Laochre para beber algo quente — sugeriu o primo, olhando para o céu coberto de nuvens. — Antes que acabemos enterrados na neve.
— Não até que eu tenha terminado. — Alanna empertigou os ombros e ordenou: — Você deve queimar o talismã de amor. E não se esqueça de pensar no rosto do seu amor. É importante.
Rhiannon mordeu o lábio inferior e conteve o riso. Era tolice, mas entendia que era importante para Alanna. Tantos outros zombavam da garota desajeitada, fazendo pouco de suas crenças. E, por experiência própria, Rhiannon sabia como era doloroso ser ridicularizada.
Os jovens evitavam Rhiannon, como se ela tivesse lepra, por causa do seu pai superprotetor. Jamais fora beijada e não tinha pretendentes.
Connor MacEgan jurara matá-los caso sequer ousassem olhar para ela. E, quando um amigo ousara segurar-lhe a mão durante o banquete de Bealtaine, seu pai esbravejara com o jovem, ameaçando cortar-lhe os dedos.
Embora Rhiannon tivesse muitas amigas mulheres, as assistira se casarem uma a uma. Na esperança de encontrar um marido, ela deixara o seu lar no oeste de Éireann e viajara para o castelo do tio, em Laochre. Contudo, embora alguns houvessem sorrido para ela, nenhum ousara cortejá-la.
A interferência do pai continuava a acompanhá-la, e, embora não acreditasse realmente em feitiços de amor, começava a ficar sem ideias



Tempo de Perdão

Série Guerreiros do Gelo







Adriana de Manzano está comprometida com Liam MacEgan e perdidamente apaixonada por ele.



Mas ela esconde um terrível segredo: para salvar a vida de seu amado, Adriana foi obrigada a traí-lo. Será que o orgulhoso guerreiro conseguirá perdoá-la quando descobrir a verdade?

Capítulo Um

Irlanda — 1192
— Liam MacEgan desobedeceu às minhas ordens. E merece morrer.
O rei Ricardo falou tais palavras com um tom de voz frio, que não revelava nenhuma misericórdia. Ele já ordenara a morte de mais de mil mulheres e crianças reféns, e a recusa de Liam de erguer a espada contra elas resultara no seu aprisionamento e tortura.
— Por favor — sussurrou Adriana. — Poupe-o.
Não suportava pensar no que o prometido estava sofrendo naquele instante.
Mas contido no sorriso do rei se achava a promessa de morte. Ele estendeu a mão e a encostou na sua face, e o toque provocou um frio de medo na barriga de Adriana. Ricardo fora fiel à sua rainha por algum tempo, mas se distraía com facilidade agora. Quando a mão do rei vagou pescoço abaixo em uma carícia, Adriana reprimiu um tremor de repulsa.
— Nesse caso, o que faria para salvá-lo?
Adriana de Manzano acordou na escuridão, seu corpo tremendo com o medo relembrado. Que Deus a ajudasse, a visão apavorante jamais deixava de assombrá-la. Fechou os olhos, esforçando-se para silenciá-la.
Desceu da cama, as pedras congelando os pés enquanto seguia descalça para o corredor lá fora. Ainda estavam no meio da noite, mas ela precisava de um instante para colocar os pensamentos em ordem e se acalmar. As outras mulheres na câmara continuavam a dormir, sem se deixar perturbar por sua saída.
A porta para a câmara de Liam estava aberta, e, sob a luz fraca, Adriana o viu aproximar-se. O rosto bonito estava sério, os olhos acinzentados carregados de preocupação.
— O mesmo sonho?
Ela assentiu, sentindo-se culpada por tê-lo acordado. Ou, talvez, houvessem sido os próprios sonhos dele a incomodá-lo. Desde que deixaram a Terra Santa, haviam feito uma promessa silenciosa de jamais voltar a falar de tal época. As cicatrizes de Liam eram visíveis na sua pele, a manifestação física das torturas que sofrera.
As dela eram internas, tão profundas que Adriana queria que Liam jamais soubesse de sua existência.
Liam a puxou para os seus braços.
— Tem tido esses sonhos com uma frequência cada vez maior.
— São apenas sonhos. — Mas ela o abraçou com muita força, querendo que ele silenciasse os pesadelos, que a ajudasse a esquecê-los. Suas mãos se ergueram para tocar no cabelo loiro-escuro, que havia sido cortado para melhor se encaixar no interior do elmo de fero, no campo de batalha.
— Gostaria que seus pais chegassem logo. — Liam a conduziu corredor abaixo, na direção das escadas. — Então você seria a minha esposa, e eu dormiria ao seu lado. E, se os sonhos retornassem, eu a consolaria.
Ela esboçou um débil sorriso, e, quando Liam chegou às escadas de pedra, sentou-se e a colocou no colo. Com as mãos, massageou-lhe os pés frios, aquecendo-os.
Enquanto ele a tocava, ela enterrou o rosto no seu peito. Liam estava vivo e bem, e ela jamais revelaria para ele o que acontecera na Terra Sagrada. Era melhor esquecer, e Adriana encontraria uma maneira de deixar o passado para trás, onde era o seu lugar.
Liam jamais precisaria saber o terrível preço que ela pagara pela sua vida.

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