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sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

QUASE INOCENTES

QUASE INOCENTES...
A Perfect Gem
Melinda Skinner




INGLATERRA, 1811
Roubando um coração
Para proteger seu querido tio, Leah Grey, devolve secretamente os objetos que ele tem o hábito, de "tomar emprestado" de pessoas desavisadas. Mas dessa vez, o excêntrico velhinho escolheu o alvo errado... Ao ser surpreendida, tentando devolver um pertence roubado, Leah é forçada a concordar em ajudar Jack Morgan a resgatar da residência do conde de Instep, uma safira de inestimável valor. Jack está determinado a reaver o que lhe pertence, e Leah é a pessoa ideal para ajudá-lo. Linda e inteligente, aquela mulher é capaz de realizar façanhas impossíveis... e se Jack se descuidar, logo ela roubará para sempre o seu coração!



Prólogo

— Minhas queridas, jamais escolham nomes como Felicity ou Sincere quando tiverem filhos — a velha senhora disse —, pois quase sempre Felicity é uma víbora, e Sincere, um mentiroso.
Murmúrios de expectativa tomaram conta das doze jovens instaladas no sofá próximo à contadora de histórias. Aos setenta e poucos anos, Erma ainda era bonita, adorável e muito inteligente.
— Cuidado com os maridos, porque a regra também vale para os sobrenomes — ela continuou. A chama da lareira iluminou seu rosto sorridente. — Foi assim com Leah Grey.
As jovens olharam para os oito retratos na parede. Um deles mostrava uma mulher de cabelos escuros, com um sorriso brinca¬lhão e que olhava para trás de modo malicioso.
— Leah era muito responsável — Erma prosseguiu e acariciou os braços da cadeira com carinho. — Houve uma época em que costumava se sentar bem aqui nesta cadeira.
As jovens trocaram sorrisos e se prepararam para ouvir mais uma emocionante história. Erma tinha um estoque interminável.
— Leah não era nem uma víbora nem uma mentirosa, é claro. Mas para a nossa srta. Leah Grey, não havia meios-termos. E quan¬to ao Póstumo Jones, ele era? Bem, talvez eu deva deixar isso para o final da história. Agora basta dizer que os dois tinham muito o que aprender. — Ela soltou uma risadinha e então se cobriu com uma colcha macia, pousou as mãos sobre o colo e se acomodou na cadeira.
— Eles se conheceram em 1811, numa vila tranqüila no meio das montanhas, não muito longe daqui. Mas sua história começou mesmo muitos anos antes. Alguém pode me passar aquela caixa ali em cima? — Erma pediu, apontando para o aparador.
Uma graciosa loira de uns vinte anos apanhou a caixa com cuidado.
— É uma antigüidade?
— Já pertencia à casa. — Erma procurou uma chave em seu bolso e a usou para abrir a caixa. Retirou dali vários volumes finos de couro. Em seguida fechou e trancou a caixa novamente e abriu o primeiro livro.
— Lower Ridington, Inglaterra, 1811 — ela leu.


Capítulo I

Lower Ridington, Inglaterra, 1811
Os jornais fervem com a notícia de que o conde de Instep vai anunciar, dentro de duas semanas, o destino de uma enorme safira de qualidade excepcional. Estou certo de que você será es¬perto o bastante para adquiri-la. Se o fizer, asseguro-lhe que tam¬bém descobrirá o paradeiro de sua mãe. Eu o encontrarei na Don¬zela Dançante. Mais uma vez a jóia atravessa o seu caminho.
Antes de apanhar o bendito e explosivo bilhete em meu bolso para relê-lo, eu não passava de um homem inexpressivo, com rou¬pas totalmente comuns, como sempre fora naquela vila minúscula. No entanto, quando o desdobrei, o papel gasto rasgou. Praguejei, provavelmente em voz alta, porque as pessoas à minha volta me encararam assustadas.
— Desculpe-me, senhora — murmurei com educação para uma mulher, e logo tornei a guardar o bilhete em meu bolso. Eu também fiquei bastante aborrecido até o momento em que ela me olhou dos pés à cabeça, torceu o lábio com desdém e empinou o nariz com arrogância.
Então, de repente, me deu um estalo, e em vez de deixar para lá como deveria, ajeitei meu chapéu e pisquei para ela.
— Está frio, não? Mas aposto que você está bem quente. — Era uma proposta explícita e rude. A mulher ficou séria e me deu as costas. Eu ri alto e dei um gole na minha cerveja.
Minha atitude até que era justificada, já que estava sem paciência. Havia três horas eu esperava à toa. Obviamente, o autor do bilhete anônimo apareceria só depois de eu ter roubado a pedra. Sentado no lugar de sempre na Donzela Dançante, girei meu pequeno medalhão, um objeto que me trazia boa sorte, mesmo que eu ainda não tivesse conquistado o que mais desejava, na mesa de carvalho, parecendo distraído. Na verdade observava as pessoas com atenção. A grande quantidade de cerveja que eu bebera não tinha me livrado da tensão. Procurava alguém com cara fora do comum. Um único olhar poderia revelar o autor do bilhete. No entanto as horas passavam e nada ocorria.
O tempo estava terrível aquela noite. O vento cortante invadia o restaurante e fazia as sombras dançarem nas paredes. Suspirei. Apenas minha sombra me lembrava de que eu continuava lá. Não havia ninguém ali que pudesse ter escrito o bilhete. O que eu esperava? Um milagre?
Peguei outra caneca de cerveja no bar. Por que não esperar por um milagre? Havia anos eu desistira de encontrar minha mãe, ou mesmo saber onde tinham ido parar seus ossos. O bilhete já era um grande milagre. Por que não esperar por outro?
Porque, respondeu minha consciência, você não merece nenhum dos dois.
Praguejei e terminei a cerveja. Coloquei a caneca sobre a mesa com força demais, fazendo a proprietária lançar um olhar aborrecido na minha direção.
Ela era uma coisinha encantadora, um pouco gordinha, de cabelos escuros encaracolados, olhos sorridentes e negros.
Eu lhe dei um sorriso provocante e bati na borda da caneca. Então apontei para ela e pisquei. A moça apanhou outra jarra e se aproximou.
— Mais? — ela indagou.

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